O Grupo Parlamentar Brasil-Ucrânia se reuniu nesta quarta-feira (10), no Senado Federal, para discutir a situação humanitária e do sistema educacional da Ucrânia em decorrência da invasão russa ao país europeu. A audiência pública contou com a participação remota de representantes do parlamento e de igrejas e organizações religiosas ucranianas.
O deputado Dmytro Lubinets, Comissário do Parlamento Ucraniano para os Direitos Humanos, chamou a atenção para o fato de cerca de 5 mil crianças ucranianas terem sido mortas desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. De acordo com Lubinets, mais de 20 mil crianças ucranianas foram sequestradas pela Rússia e deportadas para o país invasor.
O parlamentar ucraniano destacou os esforços que a Ucrânia tem empreendido para a repatriação das crianças e pediu apoio ao Brasil para se somar às iniciativas internacionais com este objetivo. “Precisamos da atuação de vocês como parceiros. O Brasil pode adotar uma nova abordagem para o retorno das crianças ucranianas para suas famílias, para que possamos proteger o direito das crianças durante o período de guerra”, disse.
Lubinets classificou os impactos da guerra como uma tragédia humanitária de proporções imensas. “Mais de 8 milhões de ucranianos deixaram o país após a invasão russa, o que equivale a perder cerca de 30% da população de toda a nação ucraniana”, destacou.
Para o reverendo Anatoliy Raychynets, representante do Conselho Ucraniano de Igrejas e Organizações Religiosas, os atos cometidos pela Rússia contra a Ucrânia devem ser classificados como crimes de guerra e terrorismo. O religioso também comentou o impacto da guerra no sistema educacional ucraniano.
“Os russos estão agindo como terroristas, inclusive contra crianças que passam mais tempo em abrigos do que em sala de aula. Escolas estão funcionando em estações de metrô e no subsolo das casas. Nosso país está enfrentando situações terríveis para nossas crianças”, relatou.
“É inaceitável que um país vizinho possa atacar um país menor e fazer o que estamos vivendo aqui. O que estamos experimentando é terrorismo. Esse fardo que estamos carregando, que já dura mais de 2 anos, tem transformado a nossa vida”, completou o reverendo.
O presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Ucrânia, senador Flávio Arns (PSB-PR), destacou os esforços que o grupo tem empreendido a favor do povo ucraniano, inclusive cobrando que o governo brasileiro se manifeste contra atos como os que foram relatados durante a audiência.
“O governo brasileiro pode manter a posição de neutralidade em relação à guerra – o que eu particularmente penso que deveria ser diferente – mas tem que ser contundente em relação aos ataques a hospitais, prédios públicos e população civil. Nós estamos cobrando isso do governo brasileiro”, apontou Arns.