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O debate desta terça-feira (16) na Subcomissão Temporária para Acompanhamento da Educação na Pandemia, do Senado Federal, abordou os reflexos da pandemia no ensino para estudantes indígenas, do campo, afrodescendentes e carentes.

“Os depoimentos tiveram um aspecto humanitário muito grande. Os convidados trouxeram à tona as dificuldades que enfrentam, cada qual em suas realidades. A audiência pública foi muito contundente, vamos colocar tudo no papel, para dar os devidos encaminhamentos. A educação não pode sofrer com tanta falta de investimentos”, afirmou o presidente da Subcomissão, senador Flávio Arns (Pode-PR).

Clarice Santos, coordenadora do Fórum Nacional de Educação do Campo (Fonec), afirmou que o quadro da educação está dramático em escala global, mas as populações vulneráveis são as mais afetadas. “Os estudantes do campo, indígenas e afrodescendentes já sofriam com a radicalização desigual, mas o quadro se agravou ainda mais, o contexto geral é de total desestruturação do sistema educacional e sua consequente mercantilização”.

O diretor executivo da organização não-governamental Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro), Frei David Santos, apresentou um quadro comparativo entre brancos e negros e como os últimos representam grande maioria da parcela de abandono escolar. “O ingresso do jovem negro ao ensino médio, por exemplo, apresenta índices bem menores que o jovem branco e representa uma bomba para o futuro da nação, na medida que aumenta o trabalho infantil”, ressaltou.

Frei Davi também falou sobre as novas regras para solicitar o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas). “Ele foi desmontado e prejudica os negros, indígenas e pessoas do campo. Proíbe que as escolas tenham planos para os excluídos nas áreas de educação, assistência social e saúde”.

Gersem José dos Santos Luciano Baniwa, coordenador do Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (FNEEI), abordou um problema apontado por todos os convidados ouvidos pela subcomissão até o momento, que é o problema da conectividade. “O ensino remoto é muito precário, as comunidades indígenas têm direito à internet. Na ausência de políticas públicas de estado, os povos indígenas deram um mergulho nos conhecimentos tradicionais, em busca do equilíbrio”.

Ele abordou, ainda, que os professores indígenas sofreram muito com a fome. “Eles tiveram seus contratos cancelados pelos municípios e não puderam receber o auxílio emergencial. Além disso, a alimentação escolar dos alunos também é um problema, pois a merenda escolar não chega às escolas indígenas”, explicou.

A próxima audiência pública da Subcomissão Temporária para Acompanhamento da Educação na Pandemia será na segunda-feira (22), às 10h.

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